Santa Catarina registra crescimento da inadimplência de 8,8% em 2019, aponta FACISC e Boa Vista
Dados fazem parte do relatório de indicadores de inadimplência e recuperação de crédito divulgados pela FACISC com base nos dados da Boa Vista/Facisc
Cresce a inadimplência em Santa Catarina. Dados apontados pela Federação das Associações Empresariais de SC, a Facisc e pela Boa Vista são sentidos na prática pelo empresariado catarinense. É o caso do empresário do comércio Odílio Guarezzi, de São José. Ele explica que o crescimento aparece sim no dia-a-dia. “Notamos que alguns consumidores tiveram dificuldades para pagar suas contas em dia. Isso afeta toda a cadeia produtiva, no meu caso da construção civil”.
Se de um lado a inadimplência cresce, por outro, a recuperação também aumenta. O presidente da Facisc, Jonny Zulauf, explica que Santa Catarina vem em recuperação ascendente no mercado de trabalho. Está entre os únicos estados que ultrapassaram o nível de emprego formal de 2014, período de maior nível de emprego. “A volta da empregabilidade e renda, afeta também o consumo, a contratação de crédito e as dívidas”. A prova disso é que o estado também encerrou o ano de 2019 com crescimento de 6,3% no Indicador de Recuperação de Crédito do Consumidor. É o segundo ano consecutivo de crescimento no índice e o maior resultado desde 2012.
Em 2019, Santa Catarina despertou uma sinalização de crescimento da inadimplência após quedas sucessivas no indicador. “Após três anos consecutivos de queda, o último ano fechou com um crescimento da variação da inadimplência em 8,8%. Este é o maior valor obtido desde 2011”, explica Leonardo Alonso Rodrigues, economista da Facisc.
Entre os fatores que podem estar associados a esse movimento, está a recuperação do crescimento econômico no estado mais acelerado do que acontece no País. “São três anos de recuperação. SC cresceu em 2019 três vezes mais que a média nacional. Um dos impactos dessa recuperação é o crescimento do volume de vendas do comércio varejista que foi de 13,5% em 2017, 8,1% em 2018 e 8,6% em 2019. Como o setor é um dos mais atrelados a questão da inadimplência do consumidor, esse crescimento das vendas, pode expressar em que parte dos consumidores catarinenses, depois de alguns anos, começam a apresentar problemas com relação ao pagamento de seus compromissos anteriormente contratados”, explica o economista.
Ele também destaca que foram três anos consecutivos de queda no indicador, e em 2018, o índice registrou queda de -5,4%. “Um aumento marginal da inadimplência pode expressar de maneira mais significativa o indicador de 2019”.
Indicadores por municípios catarinenses
Quando comparadas as informações acumuladas em 2019 em relação ao ano de 2018, tanto os indicadores de inadimplência como os de recuperação de crédito ao consumidor registraram crescimento no estado de Santa Catarina, bem como nas 10 cidades pesquisadas. Nesta base de comparação, o Indicador de Registros de Inadimplentes cresceu 8,8% e o Indicador de Recuperação de Crédito do Consumidor 6,3% no estado.
Pelo lado da inadimplência, a variação foi maior nas cidades de Rio do Sul (16,5%), Blumenau (15,6%) e Joinville (14,1%), enquanto Lages registrou o menor crescimento entre os municípios (1,6%). Pelo lado da recuperação de crédito, a variação foi maior nas cidades de Blumenau (30,8%), Criciúma (25,9%) e Tubarão (25,5%), enquanto a capital Florianópolis registrou o menor crescimento entre as cidades (7,6%).
Santa Catarina no Cenário Nacional
No Brasil, o Indicador de Registros de Inadimplentes registrou queda de -2,6% e o Indicador de Recuperação de Crédito do Consumidor recuou -2,7% no ano de 2019 em comparação ao ano de 2018. No contexto nacional, Santa Catarina auferiu o maior crescimento pelo lado da inadimplência (8,8%) e o sétimo maior crescimento pelo lado da recuperação de crédito do consumidor (6,3%) quando comparados a outros estados.
A recuperação do crescimento econômico, a recuperação de emprego e da renda, abriu também condições para as famílias com restrições anteriormente dadas, para a própria recuperação dos compromissos anteriormente contratados e não cumpridos. “Esses fatores econômicos são condicionantes a um reequilíbrio mais vigoroso das dívidas e esse movimento da recuperação do crédito segue um ritmo mais acelerado no estado do que pelo lado da inadimplência, já que é o segundo ano consecutivo de crescimento, e também um dos maiores do país”, explica o economista.
Metodologia
O indicador de registro de inadimplência é elaborado a partir da quantidade de novos registros de dívidas vencidas e não pagas e o indicador de recuperação de crédito é elaborado a partir das exclusões de registros informadas à Boa Vista SCPC pelas empresas credoras. O índice é calculado pela média móvel dos últimos 12 meses do mês de referência, tendo como ano base a média desses valores em 2011 (base = 100). A partir de março de 2016, as séries dessazonalizadas (as quais utilizavam o filtro sazonal X-12 ARIMA, disponibilizado pelo US Census Bureau) foram descontinuadas.
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